"Muita paz têm os que amam a tua lei, e não há nada que os faça tropeçar." Salmo 119.165
Todos anelam por paz! Isto é fato.
Mas para que anelam por paz? Por qual caminho buscam a paz?
Isto é questionável. Discutível. Passivo de ponderação.
Isto é questionável. Discutível. Passivo de ponderação.
Para o
mundo (refiro-me ao pensamento, filosofia, ideologia, religião) estar em
paz, ou desfrutar de paz, significa ausência de guerra, intrigas,
perseguições, e outro qualquer tipo de violência. Isto é uma parte, e
diria, muito mínima da paz. Essas coisas são frutos de quem tem paz.
Biblicamente a paz transcende estas coisas.
Paz não é
algo que deve ser discutido, tratado, analisado - por mais que seja
sempre este o caminho tomado -, mas de se ter no coração.
O
salmista falou de quem fala em paz, mas não a tem no coração. Esse é um
problema muito sério, e basicamente é o que domina o mundo.
"Não
me arrastes juntamente com os ímpios e com os que praticam a
iniqüidade, que FALAM DE PAZ ao seu próximo, MAS TEM O MAL no seu
coração." (Salmo 28.3 Cf. 35.20 - destaques meus)
Desde a
queda do homem, a violência está sobre a terra. A falta de paz é produto
da quebra de uma aliança, de um pacto (Salmo 55.20 cf. Isaías 48.18). O
homem tinha uma aliança com Deus, mas foi bruscamente rompida pelo
pecado. Desde então a paz deixou de estar em sua plenitude.
O pecado trouxe isto, e permanecerá até que Deus, segundo Seu plano, intervenha totalmente sobre a obra das Suas mãos:
"[...]
segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos
quais habita a justiça. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não
haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque
já as primeiras coisas são passadas" (2 Pedro 3.13; Apocalipse 21.4).
PAZ PARA QUÊ?
A paz
tem sido discutida através dos anos. Governos, empresas, organizações,
igrejas, instituições a tem discutido. De tempo em tempo, ou dependendo
dos acontecimentos, levantam-se movimentos e clamores por paz. As
próprias guerras acontecem objetivando mais paz e segurança. Mas o tiro
sempre sai pela culatra, e a violência toma proporções irreparáveis. As
guerras em nome da paz fomentam o ódio, a rivalidade, a competição e a
injustiça. As guerras são arquitetadas dentro dos palácios, como também
dentro dos presídios, com os mais diversos propósitos, mas geralmente de
domínio.
Paulo escrevendo a Timóteo diz:
"Exorto,
pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e
ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que
exercem autoridade, PARA QUE tenhamos uma vida tranquila e sossegada, em
toda a piedade e honestidade. Pois isto é bom e agradável diante de
Deus nosso Salvador," (1 Timóteo 2.1-4 Cf. Rm. 13.1-7)
O texto paulino diz tudo o que precisamos para entendermos a paz.
Volto as perguntas do inicio do texto:
Mas para que anelam por paz? Por qual caminho buscamos paz?
Isto é questionável. Discutível. Passivo de ponderação.
A
exortação de Paulo para orações e súplicas objetiva uma vida tranquila e
sossegada. Por mais que o pecado tenha abundado e o deus deste século
domine este mundo, e próprio homem esteja inclinado ao mal (Êxodo 32.22;
Oséias 11.7; Salmo 14.1; 53.1; 2 Coríntios 4.4; João 3.19,20), Deus
exorta o Seu povo a clamar a favor de uma vida tranquila. A Igreja de
Cristo tem um papel fundamental com relação a promoção da paz.
O
governo tem sua parte em todo este processo e deve ter como alvo
promover a paz. Biblicamente, é dever governamental manter a ordem e a
tranquilidade, inclusive, precisando, com o uso de 'espada'. Solando
Portela escreve
"os
governos, portanto, recebem de Deus o poder de utilizar “a espada”, ou
seja, de utilizar a força física contra criminosos. Deus é pela
dignidade da vida humana e, por isso, delega ao estado a preservação das
vidas dos cidadãos, dando a ele poder sobre a dos criminosos. Cabe aos
governos, através de suas cortes, se constituírem nos vingadores legais
da sociedade contra o crime. Ninguém tem a aprovação, pela Palavra, em
nossa sociedade, de fazer justiça pelas próprias mãos. Na sociedade, a
autoridade recebida de Deus é exercida pelo governo civil. Sem dúvida,
de acordo com o texto magno de Romanos 13.1-7, os governantes têm a
obrigação primordial de zelar pela ordem civil."
Quem não deseja uma vida tranquila? É um desejo justo.
Mas há uma outra questão a ser pensada.
Para que
queremos isso? Para andar em festas? Em orgias? Em prostituição? Em
bebedeiras? Distante de Deus? Desprezando Sua vontade e vivendo
totalmente alienado dEle?
Vivemos o tempo em que o homem está tão centrado em si mesmo e nos seus desejos, que deliberadamente tem ignorado Deus.
A busca
desenfreada pelo prazer - deleites, cobiças, adultério, prostituição - e
a autopromoção - hedonismo - são propulsores da violência crescente em
nossa sociedade, e resulta em violência, guerra, inveja, morte,
infidelidade, inimizades - Tiago e Naum abordam esta questão (Tiago
4.1-3 cf. Naum 3.1-4).
O
direito a quem tem, tem sido negado; a busca pelo ter e ter, tem feito a
corrupção tomar proporções alarmantes; o poder e o dinheiro tem sido
usado para manipular em favores pessoais; a desintegração familiar tem
gerado pessoas problemáticas, carregadas de ódio, desejosas de justiça
com as próprias mãos; a inversão de valores está sendo
institucionalizada. Estas, somadas a muitas outras, tem multiplicado a
violência (Habacuque 1.4).
Isaías
escreveu que quando o direito é pervertido a povo se corrompe (Isaías
5.23; 10.2; 59.14,15). Estas coisas são resultados de uma sociedade cada
vez mais alienada de Deus. E talvez, pior, indiferente para com Deus.
Paulo
fala do objetivo: orar, suplicar PARA uma vida tranquila e sossegada em
toda piedade e honestidade. Aqui temos a graça comum que Deus deseja
derramar sobre a sociedade como um todo, é
"porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos" (Mateus 5.45).
Paulo
segue dizendo que isto é agradável diante de Deus, ou seja, Deus se
agrada, se compraz, se exulta diante da promoção da piedade e
honestidade. Mas quando o que está em voga é o eu, o meu prazer, a minha
satisfação, torna-se repugnante para Deus. Deus não compactua com esse
tipo de atitude, de anseios egoístas (Provérbios 1.10-19 Cf. 6.16,18;
Lucas 6:31).
"Pelo
que o direito se tornou atrás, e a justiça se pôs longe; porque a
verdade anda tropeçando pelas ruas, e a eqüidade não pode entrar."
(Isaías 59.14)
Antes de
Noé construir a arca, Deus lhe disse que o homem corrompera todo o seu
caminho diante de Deus, dando lugar à violência e à corrupção (Gênesis
6.11-13).
Portanto,
quando o prazer pessoal torna-se um objetivo a qualquer custo, a
violência é o fruto gerado por isso (Salmo 36.1-4 Cf. Isaías 32.6,7).
A PAZ É UMA QUESTÃO DE OBEDIÊNCIA A DEUS
"Escutarei
o que Deus, o Senhor, disser; porque falará de paz ao seu povo, e aos
seus santos, contanto que não voltem à insensatez." (Salmo 85.8 Cf. 2
Pedro 1.2)
Abraão,
apesar de todos os infortúnios vividos, uns por sua culpa, outros pelas
circunstâncias, andou - modo de vida - em paz (Gênesis 15.15); Faraó foi
alvo da paz diante da Palavra do Senhor na boca de José, apesar das
dificuldades previstas com os anos de fome que viriam (Gênesis 41.16);
Ana obteve paz após ter a certeza da oração respondida (1 Samuel 1.17);
num dos salmos lemos que, apesar de dificuldades, Deus dá livramento em
paz (Salmo 55.18). O Senhor é Deus que estabelece a paz (Salmo 147.14
Cf. Isaías 26.12). A igreja, em seu nascedouro, apesar das perseguições,
tinha muita paz e se multiplicava (Atos 9.31 Cf. Filipenses 4.7;
Colossenses 3.15). Paz e justiça devem andar juntas (Tiago 3.18 cf.
Isaías 32.8)
Há
muitas passagens, mas estas bastam para mostrar que a paz é uma questão
de estar de acordo com a vontade de Deus. Em obediência à Sua Palavra:
MUITA PAZ tem os que amam a tua lei!
Sei que
em nome de Deus e do cristianismo muita guerra tem acontecido. Mas esse
nunca foi e não é o propósito de Deus. A ignorância (muitas vezes
deliberada) tem sido a causa destas guerras em nome de Deus.
Uma
rápida olhada na história do cristianismo mostra que a igreja teve paz
em meio as mais variadas e violentas atrocidades contra os fieis. No
entanto, nunca revidaram com a mesma moeda (Romanos 12.17; 1
Tessalonicenses 5.15; 1 Pedro 3.9). Pelo contrário, promoveram a paz,
isso porque tinham paz com Deus.
Quando o homem ouve as palavras de Deus e não volta seu coração à insensatez, o resultado que se tem é paz.
O desejo
por uma vida de piedade e honestidade, leva o homem a semear para tal.
Os governos tem falhado, e muito, no seu papel como promotor e
sustendador da paz. Talvez pela ganância por tantas coisas e pelo poder.
Perdeu-se o alvo! Mas há uma esperança.
Pedro nos deixa um conselho sábio:
"Pois,
quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal,
e os seus lábios não falem engano; aparte-se do mal, e faça o bem;
busque a paz, e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos,
e os seus ouvidos atento à sua súplica; mas o rosto do Senhor é contra
os que fazem o mal. (1 Pedro 3,10-12)
O Senhor
ama atitudes nobres da parte do homem, e incentiva para que as tenha:
amar a vida, não usar de engano, não falar aleivosamente, apartar-se do
mal, buscar e seguir a paz.
O principio basilar para a paz é voltar-se para Deus, e a Sua Palavra, por meio de Cristo:
[...]
porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude, e que,
havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra
como as que estão nos céus." (Colossenses 1.19-20)
Em Cristo está tudo o que precisamos para vivermos em paz. Lamentavelmente a sociedade distancia-se cada vez desta Palavra!
"Ora, o fruto da justiça semeia-se em paz para aqueles que promovem a paz." (Tiago 3.18)
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